quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Jesus Viveu na Índia": A desconhecida história de Cristo antes e depois da crucificação


HISTÓRIA DAS RELIGIÕES / História do conceito de Deus - Resenha: "Jesus Viveu na Índia": A desconhecida história de Cristo antes e depois da crucificação



31 DE DEZEMBRO DE 2009


Resenha: "Jesus Viveu na Índia"http://bertonesousa.blogspot.com/2009/12/resenha-jesus-viveu-na-india.html


Já faz algum tempo que li a obra de Holger Kersten, "Jesus viveu na Índia", escrevi uma resenha e a guardei em meu e-mail. Agora, quero compartilhar com os leitores minha percepção dessa leitura, livro que considero instigante pela tese que defende e por tentar lançar uma luz sobre o paradeiro de Jesus após sua crucificação. Ainda é assaz difícil para a maioria das pessoas em nossa sociedade separar a figura do Jesus histórico do Jesus religioso, personagem forjado pelos Evangelhos e pela Igreja no decorrer dos séculos. Sobre o debate acerca da existência ou não de Jesus tem havido diversas pesquisas sobre o assunto. Pessoalmente, sou mais simpático à tese de que ele de fato existiu e, através de uma busca na internet, o leitor poderá encontrar menções a fontes que podem corroborar essa perspectiva. 

Como historiador, tenho tido contato com a obra de diversos autores que esquadrinham as características do Jesus histórico, analisam seu personagem e os documentos que se referem a ele. Nas últimas décadas tem havido uma densa produção sobre ele, a partir de novos documentos encontrados (como o Evangelho de Judas, os pergaminhos do Mar Morto, entre outros) que têm auxiliado a elucidar questões sobre sua época e a cultura onde viveu. Como, por muito tempo, a maior parte dos documentos estavam em mãos da Igreja, as descobertas arqueológicas recentes proporcionaram aos historiadores e outros interessados, materiais parar perscrutarem quem realmente foi Jesus, o que fez e qual seu paradeiro. A obra que apresento a seguir é resultado de uma série de pesquisas feitas pelo autor para tentar solucionar essa questão a partir do contato que teve com escritos de um historiador russo. 

KERSTEN, Holger. Jesus viveu na Índia: A desconhecida história de Cristo antes e depois da crucificação. Rio de Janeiro: Editora Best Seller, 2005.
Holger Kersten nasceu em Magdeburgo, cidade da antiga Alemanha Oriental, em 1951. Emigrou para a Alemanha Ocidental em 1962, onde realizou estudos de História, Arqueologia e religião. Estudou ainda Teologia em Freiburg e, para realizar essa pesquisa fez uma série de viagens ao oriente: Índia, Afeganistão, Oriente Médio e Israel. A obra foi originalmente publicada em 1986.

Na introdução, há uma crítica ao secularismo das sociedades modernas e à forma como o Cristianismo está organizado. O avanço científico e tecnológico, que pôs em marcha a secularização e o culto à razão, levaram à crise do sentimento religioso. Entre os causadores disso, estão as próprias igrejas, cuja insistência em interpretar literalmente a Bíblia e impor sua autoridade tem afetado muitos fiéis.

O Cristianismo atual não é uma prática dos ensinamentos de Cristo, mas de Paulo. O “Paulinismo” foi o que se tornou religião oficial, e cujos ensinamentos, em sua quase totalidade, são opostos aos de Cristo. Ao transformar a mensagem de Jesus em discursos vazios ao longo de vinte séculos, a própria cristandade mergulhou em profunda indiferença religiosa. É necessário reorientar-se na busca por uma religião universal, em que o Oriente, especialmente a Índia, pode fornecer um vivo exemplo.

A tese do livro tem como plano de fundo as descobertas feitas no fim do século XIX por um historiador russo chamado Nicolai Notovitch, numa viagem que fez à Índia, região da Caxemira. Num mosteiro budista, ouviu relatos sobre um profeta israelita chamado Issa, cujas histórias achou parecidas com as de Jesus; recebeu dos monges dois livros antigos que leu com a ajuda de um tradutor.

Os livros falam sobre o nascimento de um menino "divino" em Israel chamado Issa, que aos catorze anos chega à região do Indo a fim de estudar o budismo. Por criticar a sociedade de castas do Hinduísmo é pressionado a sair, e segue para o Nepal (onde passa seis anos) e para a Pérsia. Além de Notovitch, um outro escrito que fala sobre a presença de Jesus na Índia entre seus doze e vinte e nove anos (fase de sua vida não-narrada nos Evangelhos) é o Evangelho Aquariano de Jesus Cristo, escrito em Ohio por um filho de pastor protestante chamado Levi H. Dowling.

Kersten realizou viagens ao Himalaia a partir de 1973, a fim de investigar a tese de Notovitch; lá, confirmou, através de registros médicos, que o historiador russo esteve presente na região e encontra um arqueólogo, Hassnaim, que, há vinte anos, vinha pesquisando sobre o mesmo tema.

A seguir, faz considerações sobre Moisés, a origem e evolução histórica dos hebreus, e, baseado em livros de Helena Petrowna Blavatsky, levanta a hipótese de os israelitas terem chegado à Índia, possivelmente durante o reinado de Salomão, o que explica o conhecimento que a população da Caxemira tem de sua passagem, bem como os costumes em comum que eles possuem com os judeus, como não usar gordura animal e vegetal para frituras e assados, preferência por peixe cozido, o hábito de as mulheres passarem quarenta dias sem tomar banho ao gerar um filho, os homens usarem o solidéu judaico, e a língua falada na Caxemira foi fortemente influenciada pelo hebraico, o que a diferencia das outras línguas indianas.
Traça também um paralelo entre a vida de Buda e a de Jesus, mostrando profunda semelhança entre seus modos de vida e ensinamentos, como o fato de ambos começarem a pregar com aproximadamente a mesma idade, escolherem a pobreza como modo de vida, pregarem através de parábolas, terem como primeiros seguidores dois irmãos, ambos foram traídos por um discípulo; como Cristo criticava os fariseus, Buda criticava os brâmanes, ensinam a pagar o mal com o bem, não acumular riquezas, entre outras semelhanças.

O fato dos evangelhos nada narrarem sobre a vida de Jesus entre seus doze e vinte e nove anos, torna possível que nesse ínterim ele tenha adquirido vastos conhecimentos sobre filosofia oriental. O mundo helenizado de sua época também favorecia isso, já que em Alexandria, no Egito, haviam mestres budistas. O batismo por imersão na água também é uma tradição que provem da Índia, cuja prática era comum na Judeia, onde antes a remissão de pecados era obtida através do derramamento (sacrifício) de sangue.

Também é feito um paralelo entre Jesus e krishna (um dos principais deuses do hinduísmo). Krishna ensinava por parábolas, pretendia reformar a religião existente assim como Jesus queria fazer em relação ao judaísmo; ele ensinava amor ao próximo, falava da misericórdia de um deus criador, vivia na pobreza e levava uma vida de peregrino. Alem dele, a religião persa de Zaratustra e o culto a Mitra, deus morto e ressuscitado, também exerceu ampla influência sobre o Cristianismo.

Posteriormente, são feitas considerações sobre a “morte” de Cristo. Chama-se a atenção para o fato de ninguém ter presenciado sua ressurreição, sendo ela um acontecimento existente apenas na fé dos cristãos. Comenta ainda sobre o sudário, o polêmico lençol que teria envolvido o corpo de Jesus no túmulo, cuja autenticidade foi posta à prova por várias investigações científicas, alem de relatar os lugares por onde passou. Paulo usou a ausência de provas sobre a ressurreição para formular a doutrina da redenção, que ele transformou em cerne do Cristianismo.

Os relatos dos evangelhos também não deixam claro se Jesus morreu de fato na cruz. Ao ser retirado dela, ele não poderia estar morto, já que vinte e oito de seus ferimentos continuavam a sangrar; e se o sangue arterial ainda corre, é sinal de funcionamento do sistema circulatório. Essas conclusões foram tiradas a partir das análises médicas feitas com as marcas de sangue no sudário, e até hoje os médicos não conseguem estabelecer o momento de sua morte clínica. Além disso, José de Arimateia, que pagou para sepultá-lo, usou uma mistura de mirra e aloés, medicação eficaz para tratamento de feridas abertas. Após realizar experiências com esses dois produtos, Kersten concluiu que, colocada no tecido, o deixa impregnado de resina elástica, o que impede a absorção. Por isso os coágulos de sangue no lençol podem ser vistos nitidamente.

O que é narrado sobre o período entre a morte e a ressurreição na bíblia é totalmente obscuro. Sobre ele ter revivido três dias depois da crucificação é apenas simbólico, pois três é um número místico. O certo é que em seus primeiros reaparecimentos, Jesus não se mostrava em público porque poderia ser novamente preso. Por isso, teve de sair da Palestina. O encontro que teve com Paulo, no caminho de Damasco, ocorreu aproximadamente dois anos após a crucificação. Nesse lugar, ele vivia sob a proteção dos essênios. A cinco quilômetros de Damasco há uma cidade chamada Mayuam-I-Isa, “o lugar em que Jesus viveu”. Segundo o historiador persa Mir Kawand, nesse lugar ele viveu e ensinou após ter sido crucificado.

Dezesseis anos depois, Jesus retornou à Caxemira onde era conhecido pelo nome de Yuz Asaf, que significa “líder dos curados”. Segundo o Alcorão ele não morreu na cruz; na fé islâmica é conhecido pelo nome de Issa (Isa). Existem vinte e um documentos que comprovam sua presença na Caxemira. Entre eles, há uma coletânea de antigas narrativas hindus chamadas Puranas (velho), em dezoito volumes. O nono fala sobre o estabelecimento dos israelitas e de Jesus na Índia. Ele se identifica para o rei como vindo de país estrangeiro, filho de Deus, nascido de uma virgem, fala de seu sofrimento e afirma ser Isa-Masih, que quer dizer “Jesus, o Messias”
Na Caxemira ele viveu até os oitenta anos e foi sepultado na antiga cidade de Srinagar. No tumulo há um rosário e um crucifixo e duas pegadas gravadas em pedra com feridas de crucificação. O escultor deixou evidente que o pé esquerdo foi posto sobre o direito, sendo que o mesmo foi descoberto na análises feitas nas manchas de sangue do sudário, que hoje se encontra em Turim, na Itália. Como a crucificação era desconhecida na Ásia, presume-se que o sepulcro seja de Jesus.

Várias fontes históricas da Caxemira confirmam que Jesus e Yuz Asaf são a mesma pessoa. Um livro escrito no século X chamado Ikamal-ud-Din, escrito por um historiador árabe relata duas viagens feitas por Jesus à Índia e sua morte na Caxemira. No livro há trechos de ensinamentos dele semelhantes aos dos evangelhos.Todos os anos seu túmulo (que tem uma inscrição contendo seu nome) é visitado por peregrinos muçulmanos, hindus, budistas e cristãos.

Na conclusão do livro, o autor volta a fazer críticas a Paulo, que ao enfatizar a morte de Cristo, condicionou a ela toda a sua atividade. Ele funde a doutrina de Jesus com suas ideias pessoais, reintroduzindo o culto ao medo no Deus vingativo do Antigo Testamento, além de introduzir o conceito de igreja como instituição. Finaliza afirmando ser Jesus um outro Buda, em que defende a doutrina da reencarnação proscrita pela Igreja no Concílio de Constantinopla realizado em 553; sua vida de simplicidade e dedicação ao outro constitui, para o autor, um exemplo a ser seguido pelo ser humano.

* * *

Seria essa tese delírio de pesquisadores? Invenção de pessoas revoltadas com a Igreja? Coincidência? Descartada essa última possibilidade pelo amplo leque de provas arqueológicas, documentais e científicas apresentadas pelo autor, não faltarão críticas dos setores conservadores da Igreja, o que não deixa de ser positivo, uma vez que suscita o debate e a necessidade de novas pesquisas.

Curioso é observar que ainda no primeiro capítulo ele relata que Notovitch entrou em contato com o Vaticano para publicar o assunto; recebeu como resposta uma oferta em dinheiro para desistir da empreitada. Ora, sabemos que a Igreja sempre teve interesse de proibir e/ou impedir a publicação de obras que vão de encontro a seus dogmas oficiais. Mas é interessante verificar que Kersten é padre, e como ele mesmo afirma, foi entre os teólogos alemães que surgiu a pesquisa histórica sobre a figura de Jesus com uma visão mais crítica.

Na historiografia recente, vários autores têm se dedicado a pesquisar sobre o Jesus histórico. Mas certamente ainda é difícil escrever sobre a vida dos fundadores de religiões, como Moisés, Buda, Maomé e o próprio Jesus pela relativa escassez de fontes e estado de deterioração de outras encontradas.

Quanto ao “paulinismo” é fato que sua força doutrinária coercitiva terminou por se impor ao Cristianismo. Paulo deu outra configuração à doutrina, transformando-a numa burocracia cuja hierarquia submetia os fiéis à autoridade inconteste de sacerdotes e intérpretes das Escrituras. Um outro fato curioso é quando o autor conjectura sobre o que seria o "espinho na carne" de que Paulo falava, mencionando que isso pode ser uma referência a seu homossexualismo, o que lhe acarretava um forte sentimento de culpa que ele tentava compensar através da prática do ascetismo. 

Certamente, tem havido muitas especulações sobre o "espinho na carne" de Paulo. A hipótese de ele ser homossexual parece ser a mais coerente, haja vista que era um cidadão romano (essa prática era comum na Grécia e Roma antigas, que, no entanto, não entendiam o homossexualismo com a conotação que lhe damos hoje), tinha uma visão depreciativa da figura feminina e aconselhou os homens a não casarem. Sua angústia pelo fato de essa prática ser reprovada no judaísmo o levou a refugiar-se na rigidez doutrinária, no ascetismo religioso e na condenação categórica dos homossexuais. 

Mas o objetivo da obra é desmistificar, através de uma análise histórica, a vida de Jesus. Nesse sentido, o livro de Kersten constitui um verdadeiro desafio aos dogmas e tradições estabelecidos, ao mostrar que Jesus estava bem mais próximo do Budismo que do Judaísmo, e também ao tentar revelar o que fez e por onde passou no interlúdio entre seus doze e vinte e nove anos, e nos anos seguintes à crucificação. Assim, através de uma extensa análise do sudário e de recentes escavações arqueológicas, complementadas por viagens de pesquisa de campo do próprio autor, ele põe em xeque o dogma da ressurreição e da morte na cruz, seguindo os passos de Cristo até sua suposta real morte, na Índia, por volta dos oitenta anos.

Certamente não é uma ameaça à estrutura da Igreja e à consciência religiosa da imensa maioria dos fiéis, mas é uma obra indispensável a todos os que se interessam pela compreensão do Jesus histórico e também é importante por suscitar o debate. Mas, sobre a doutrina da ressurreição cabe ainda afirmar que trata-se de um mito. O mito é uma narrativa que objetiva dar sentido a um rito, ressiginificando-o e representificando-o. Um dos problemas da atualidade é quando algumas tendências religiosas tentam transformar o mito de sua fé em razão científica, resultando disso uma postura fundamentalista que pode acarretar a deflagração de atos explícitos de intolerância, como mostrou a historiadora Karen Armstrong em sua obra "Em nome Deus: o fundamentalistmo no judaísmo, no cristianismo e no islamismo".

POSTADO POR BERTONE 

            http://200.215.177.69/imagem/capas1/615/243615.jpg     JESUS VIVEU NA INDIA

A DESCONHECIDA HISTORIA DE CRISTO ANTES E DEPOIS DA CRUCIFICAÇÃO

CONCEITO DO LEITOR: Conceito do LeitorConceito do LeitorConceito do LeitorConceito do LeitorConceito do Leitor | (OPINE)
AUTOR: KERSTEN, HOLGER
TRADUTOR: CASAS, CECILIA
EDITORA: BEST SELLER
ASSUNTO: RELIGIÕES - CRISTIANISMO



HÁ UM PERÍODO DA VIDA DE JESUS QUE PERMANECE OBSCURO, DESAFIANDO HISTORIADORES E ESTUDIOSOS. AS NARRATIVAS BÍBLICAS INTERROMPEM A HISTÓRIA DE CRISTO QUANDO ELE TEM 12 ANOS E SÓ A RETOMAM QUANDO JÁ COMPLETOU 30. O TEÓLOGO ALEMÃO HOLGER KERSTEN REVELA QUE LOGO NO INÍCIO DA ADOLESCÊNCIA JESUS RUMOU PARA A ÍNDIA, ONDE FOI INICIADO NO BUDISMO POR MONGES. PARA APOIAR ESSA TESE, ELE APRESENTA UMA FARTA DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA E UMA ANÁLISE ACURADA DA BÍBLIA E DE TEXTOS LEGADOS PELAS CIVILIZAÇÕES ORIENTAIS. DESAFIANDO OS DOGMAS DA IGREJA, ESTE LIVRO APONTA UMA SÉRIE ESPANTOSA DE COINCIDÊNCIAS ENTRE A DOUTRINA BUDISTA E A CRISTÃ, PROVANDO QUE JESUS SE ENCONTRAVA MAIS PRÓXIMO DAQUELA QUE DO JUDAÍSMO ORTODOXO QUE SEMPRE REJEITOU.




LIVRO PARA DOWNLOAD:

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JESUS VIVEU NA ÍNDIA - INNOVATION WEBSERVICES

FORMATO DO ARQUIVO: PDF/ADOBE ACROBAT - VER EM HTMLDE H KERSTEN ARTIGOS RELACIONADOS
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JESUS DA ADOLESCÊNCIA À MATURIDADE




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Anos Perdidos De Jesus, Os


Com poucos fatos históricos em que se basear, Chopra optou por imaginar o caminho de iluminação que o jovem de Nazaré teria trilhado até se tornar o Messias. É uma jornada que o leva da obscuridade à revolução, das dúvidas aos milagres, culminando na transformação do filho do homem em Filho de Deus. Na adolescência, Jesus tem premonições do seu futuro, mas vive atormentado por não saber quem é e qual o seu papel nos planos de Deus. Ao longo do caminho, ele se sente incapaz de mudar os outros e vive dividido entre o amor pelas pessoas e o amor divino. Ao buscar solucionar os mistérios mais profundos da vida, Jesus se defronta com as mesmas questões e contradições que enfrentamos no dia a dia. Ele não sabe se Deus o está ouvindo e se pergunta por que o Pai celeste permite tantas vezes que o Mal triunfe. Jesus enfrenta seus demônios e, ao ser batizado no rio Jordão, aceita seu destino, que combina os extremos da luz e da escuridão. Nesta obra, Deepak Chopra faz um retrato sem precedentes de Cristo, aproximando os leitores do entendimento da natureza de Deus.


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Trecho:

Nota do autor
Este livro não é sobre o Jesus presente no Novo Testamento, mas sobre o que ficou de fora da narrativa bíblica. Os autores dos evangelhos nada falam sobre “os anos perdidos” de Jesus – como é conhecido o período compreendido entre os 12 e os 30 anos de sua vida. Na realidade, Jesus desaparece antes disso, pois o único incidente relatado após as narrativas de seu nascimento (encontrado apenas no evangelho de São Lucas) é o de que, aos 12 anos, ele se perde dos pais durante a Páscoa, em Jerusalém. José e Maria já estavam no caminho de volta para casa quando deram pela falta do menino. Ansiosos, eles refizeram seus passos e encontraram o filho Yeshua (como ele era chamado em hebraico) debatendo sobre Deus com os sacerdotes do templo. Salvo esta menção extraordinária, a infância e a juventude de Jesus são praticamente uma incógnita.

Contudo, outro Jesus foi deixado de fora do Novo Testamento – o Jesus iluminado. Sua ausência, a meu ver, debilitou de forma profunda a fé cristã, pois, por mais singular que seja Cristo, fazer dele o único Filho de Deus deixa o restante da humanidade desamparada. Um grande abismo separa a santidade de Jesus da nossa mediocridade. Milhares de cristãos aceitam essa separação, porém, ela não precisa existir. E se Jesus desejasse que seus seguidores – e até mesmo nós – desfrutassem a mesma comunhão com Deus alcançada por ele?

Minha história parte da premissa de que esse era o seu desejo. Ao acompanhar a busca do jovem de Nazaré em seu caminho para se tornar o Messias, pude traçar um mapa da iluminação. Não precisei, no entanto, inventá-lo. A iluminação sempre esteve presente em todas as eras. O caminho que leva do sofrimento e da separação à glória e à comunhão com Deus é bastante conhecido. Coloquei Jesus nesse caminho por acreditar que ele o trilhou. Obviamente, inúmeros cristãos convictos discordarão de mim, às vezes com veemência. Eles fazem questão de que Jesus permaneça singular, o único homem que também era Deus. No entanto, se Jesus pertence ao mundo – como eu acredito que pertença –, sua história não pode excluir todas as outras pessoas que alcançaram a 
consciência divina. Neste romance, Jesus continua sendo um salvador, mas não é o salvador.

A princípio, a ideia de escrever um romance sobre os anos perdidos de Jesus me causou desconforto. Criar uma nova versão das Escrituras Sagradas é algo inconcebível, e se, em vez disso, você decide apresentar Jesus num tom secular, corre o risco de negar seu papel sagrado, que é indiscutivelmente real. Eu  queria dar aos fiéis cristãos – e a todos os que buscam a iluminação – motivos para se sentirem ainda mais inspirados. Para tanto, precisava trazer Jesus para as questões do dia a dia. Assim, ele se preocupa com a violência e a agitação popular, questiona se Deus está ouvindo e se encontra profundamente imerso na pergunta “Quem sou eu?”. Minha intenção não foi, de forma alguma, contradizer os ensinamentos de Jesus na Bíblia, mas sim imaginar como ele os obteve.

Então, como era este Jesus jovem, repleto de dúvidas e em busca da iluminação? 

Eu me defrontei com várias possibilidades. Poderia ter fingido que esta era uma biografia perdida. No entanto, biografias precisam se basear em fatos e, neste caso, são poucos os que conhecemos: os nomes dos familiares de Jesus e quase nada mais. Jesus sabia ler? Qual era seu grau de conhecimento da Torá, a
lei divina? Ele vivia à margem da cultura romana ou circulava livremente entre os colonos e soldados imperiais? Ninguém sabe dizer com certeza.

Estudos recentes chegam até mesmo a questionar se Jesus era de fato um carpinteiro; alguns estudiosos afirmam ser mais provável que José, seu pai, tenha
sido pedreiro, ou uma espécie de “faz-tudo” da época. De qualquer forma, o Novo Testamento tampouco é biográfico. Trata-se de uma defesa parcial do argumento de que um andarilho carismático é o tão esperado Messias. Além disso, ele foi escrito durante um período turbulento, em que outros candidatos
a messias reivindicavam o título com o mesmo ardor. 

Eu poderia ter optado por escrever uma espécie de fantasia espiritual e dar asas à imaginação. Fantasias espirituais não têm limites, uma vez que não existem
fatos para desafiá-las. Jesus poderia ter feito seu treinamento numa escola para mágicos em Éfeso ou visitado o Partenon, onde teria se sentado aos pés dos discípulos de Platão. Contudo, essa opção me pareceu desrespeitosa.

Por fim, eu poderia ter pegado o Jesus familiar e benquisto dos evangelhos e trabalhado de trás para a frente. Esse teria sido um caminho mais seguro, uma espécie de O jovem Indiana Jones que nos desse um gostinho do herói que sabíamos estar por vir. Se os evangelhos nos revelam um homem cheio de amor,
compaixão, bondade e sabedoria, é mais do que plausível que ele tenha sido uma criança que demonstrasse amor, bondade, compaixão e sabedoria fora do
comum. Essas qualidades teriam amadurecido até Jesus entrar em cena por volta dos 30 anos de idade, quando pediu a seu primo João que o batizasse no
rio Jordão.

Ao remoer todas essas possibilidades, percebi que mais de um Jesus havia sido deixado de fora da Bíblia. Portanto, nada mais justo do que resgatar o mais
crucial de todos: o Jesus essencial que implora para ser conhecido. Para mim, ele não é uma pessoa, mas um estado de consciência. A comunhão de Jesus com Deus foi um processo que ocorreu dentro de sua mente. Do ponto de vista de Buda ou dos antigos rishis (profetas) indianos, Jesus atingiu a iluminação. 
Este é o meu verdadeiro tema. Um jovem capaz de se tornar um salvador descobre seu potencial e então aprende a consumá-lo.

Espero conseguir satisfazer as mais profundas curiosidades dos leitores. Em que consiste entrar em comunhão com Deus? Podemos trilhar o mesmo  caminho que Jesus? Eu acredito que sim. Ele queria nos ensinar a atingir uma consciência mais elevada, e não apenas ser um exemplo glorioso dela. Jesus disse aos seus discípulos que eles poderiam fazer tudo o que ele fazia e mais. Afirmou que eles eram a “luz do mundo”, o mesmo termo que usava para si mesmo.

Apontava para o Reino dos Céus como um estado de graça eterno, não como um lugar distante escondido além das nuvens. 

Em suma, o Jesus que foi deixado de fora do Novo Testamento acaba se revelando, sob muitos aspectos, o mais importante para os tempos modernos.

Sua busca pela salvação ecoa nos corações de todos nós. Se não fosse assim, a breve carreira de um rabino controverso e amplamente menosprezado que vivia à margem da sociedade judaica do século I não teria muita importância. No entanto, todos nós sabemos que a trajetória desse rabino desconhecido ficou
marcada para sempre como mito e símbolo. Não pretendo que o Jesus deste livro seja adorado, e muito menos impô-lo como definitivo. Os acontecimentos desta história são pura ficção. Porém, em um nível mais profundo, este Jesus me parece real, pois pude ter um vislumbre da sua mente. Um insight  momentâneo pode atender muitas preces. Espero que os leitores sintam o mesmo.

Deepak Chopra
Maio de 2008

Recomendo também deste autor:


Buda - A Historia De Um Iluminado

Conceito do Leitor: Conceito do LeitorConceito do LeitorConceito do LeitorConceito do Leitor | (opine)
Autor: CHOPRA, DEEPAK
Editora: SEXTANTE FICÇAO
Assunto: RELIGIÕES - RELIGIÕES ORIENTAIS - BUDISMO




Neste livro, Deepak Chopra acompanha passo a passo a trajetória de Buda, desde que era um jovem príncipe buscando seu verdadeiro destino até alcançar a iluminação, mudando o mundo para sempre com seus ensinamentos. 'Buda - A história de um iluminado' é, na verdade, a história de um homem em busca de sabedoria e transformação. Dividido em três partes, o livro retrata os conflitos internos vividos em cada etapa de sua vida, como Sidarta, o Príncipe; Gautama, o Monge; e Buda, o Compassivo. Quando Sidarta nasce, os astrólogos prevêem que ele dominará os quatro cantos do mundo. Mas, na verdade, ele pode cumprir a profecia de duas maneiras, tornando-se um grande rei - que é o que seu pai deseja - ou aprendendo a governar sua própria alma. Já casado e com um filho, o príncipe descobre que vive numa prisão, um reino de fantasia criado por seu pai para que ele nunca tivesse contato com a dor e a miséria e, assim, não desejasse acabar com o sofrimento humano. Mas o príncipe abandona o luxo do palácio e se torna um monge andarilho, que passa pelas mais duras provações, enfrenta demônios e embarca num jejum espiritual que quase o leva à morte. Ao reconhecer sua incapacidade de conquistar seu corpo e sua mente unicamente por meio da vontade, Buda finalmente transcende o sofrimento e atinge a iluminação. Profundamente inspirador, este livro apresenta a filosofia do budismo sem qualquer pretensão didática e nos leva a entender a verdadeira natureza da vida e do nosso ser.

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Espiritualidade, Oriente - Ocidente


Autor: Philippe Laurent
Tema: Reflexões
Páginas: 80
Código: 1175

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Há hoje uma urgência em se fornecer aos homens de boa vontade os meios de uma via espiritual que respeite sua inteligência. Porque, ao rejeitar, com toda razão, os dogmas estreitos das religiões estabelecidas, o homem ocidental, herdeiro mais ou menos consciente do espírito do ´Iluminismo´, freqüentemente tende a jogar fora o bebê espiritual junto com a água do banho religioso.

(Espiritualidade, Oriente - Ocidente, pág. 15)


Em 23 de março de 2010 19:41, Claudio Estevam Próspero  escreveu:
HISTÓRIA DAS RELIGIÕES / História do conceito de Deus



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