sexta-feira, 23 de abril de 2010

Shangri-La - o lócus da utopia de 1925, do inglês James Hilton, Lost Horizon (Horizonte Perdido)


Shangri-La

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Nota: Para outros significados de Shangri-La, ver Xangri-lá.
Nota: Se procura álbum da banda portuguesa Wraygunn, consulte Shangri-La (álbum). Se procura Shangri-La, consulte [[{{{4}}}]].
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Parte de uma série sobre
Budismo
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Shangri-la, da criação literária de 1925 do inglês James HiltonLost Horizon (Horizonte Perdido), é descrito como um lugar paradisíaco situado nas montanhas do Himalaia, sede de panoramas maravilhosos e onde o tempo parece deter-se em ambiente de felicidade e saúde, com a convivência harmoniosa entre pessoas das mais diversas procedências.Shangri-la será sentido pelos visitantes ou como a promessa de um mundo novo possível, no qual alguns escolhem morar, ou como um lugar assustador e opressivo, do qual outros resolvem fugir. O romance inspira duas versões cinematográficas nas décadas seguintes.
No mundo ocidental, Shangri-la é entendido como um paraíso terrestre oculto.[1]

Índice

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[editar]Shangri-la, associado ao reino mítico de Shambhala

A comunidade de Shangri-la é inspirada em Shambhala, o reino mítico de papel cosmogônico e escatológico, citado em textos védicos muito antigos, como os Purana, e referido na tradição oral e literária do Budismo tibetano como um centro irradiador de bem-aventurança e a residência de sábios iluminados e de Kuan Yin, a divindade da misericórdia dobudismo chinês.
Shambhala, do sânscrito, e em tibetano Bde 'byung, pron. De-jung, "mantido pela Fonte da Felicidade", estaria fisica ou etericamente situado na cordilheira do Himalaia ou na Ásia central, próximo da SibériaChina,Tibete e Khotan, provavelmente no deserto de Gobi. Rodeado de montanhas de picos nevados, teria a forma circular de uma grande flor de lótus, símbolo da realização espiritual[2]
Kalachakra thangka[3]Monastério Sera (coleção privada).
De acordo com ensinamentos da tradição Kalachakra, do Budismo tibetano, a reação diante da visão de Shambhala, mundo iluminado inspirador de Shangri-la, varia de acordo com a natureza espiritual de cada ser ou reino de existência. Para os deuses, por exemplo, um riacho parecerá feito de néctar, para os homens, feito de água e, para os fantasmas famintos, um líquido infecto de pus e sangue[4].
O monge Zen Thích Nhât Hanh (1926- ), do Vietnã, discorre sobre os seis reinos de existência, associando-os a níveis de iluminação e propondo terapêuticas comunitárias para a restauração da saúde espiritual dos seres atormentados.[5]

[editar]Shangri-la na literatura, na música e no cinema

Na canção Baila Comigo da cantora e compositora brasileira Rita Lee existe menção a Shangri-la. O protagonista louco por liberdade deseja coisas fantásticas, coisas que no plano do real seria impossível de ocorrer. Após conseguir tudo o que desejava, entre elas poder ser livre para amar, os dois iriam juntos para Shangri-la.
Também a banda americana Mother Love Bone faz a música Shangri-La, fazendo referência a uma rapariga quase impossível de existir de tão perfeita, desejada pelo cantor, e a qual ele nunca terá.
O romance Lost Horizon, de James Hilton, publicado em 1925, inspira a sociedade da época, tumultuada pelo pós-guerra e pelas conseqüências da quebra da Bolsa de Nova Iorquede 1929. O livro dá origem às versões cinematográficas de 1937 e de 1973.
Na trama, um avião sequestrado tem seu curso alterado e desviado da meta, que seria Shanghai, fazendo um pouso de emergência em algum ponto perto do Himalaia. Os passageiros, em busca de abrigo e socorro, encontram as portas de Shangri-la, uma comunidade que teria sido fundada por um padre idealista, e, em contato com sua seus valores de fraternidade e ética, alguns questionarão as bases e os valores de suas próprias existências.
Desde a publicação do livro Lost Horizon, a utopia de Shangri-la passou a inspirar intelectuais, adeptos daTeosofia, grupos musicais, com seu apelo de fraternidade, respeito, justiça e paz. Sonhadores, aventureiros, pesquisadores, exploradores tentaram encontrar esse paraíso perdido.
Surgem também lugares de divertimento na Ásia e América com o nome Shangri-la e também Camp David, casa de campo presidencial em Maryland, nos Estados Unidos, antigamente foi assim nomeada pelo presidente Franklin Delano Roosevelt (1882-1945).
No recente filme A Múmia 3: Tumba do Imperador Dragão os personagens da família do explorador Rick O'Connell (Brendan Fraser) vão até Shangri-la, um topo gélido do no Himalaia, para combater o cruel Imperador Dragão da China. Lá encontram "Homens das Neves" gigantes e bondosos, um paraíso e uma fonte mágica.
Muitos países, por interesse comercial e turístico, alegam ter em sua geografia Shambhala, inspirador de Shangri-la. Aponta-se em especial uma localidade chamada Diqing, noTibete, que evocaria o reino mítico.
Além disso, estreou em abril de 2008, no Japão, o anime de ficção científica Shangri-La, baseado no livro do japonês Ikegami Eiichi. O anime conta a história de Kuniko Hojo (北条 國子, Hōjō Kuniko), um garota japonesa no meio do séc. XXI e conta com 24 episódios.

[editar]Notas

  1.  Keown, Damien.Oxford Dictionary of Buddhism. Nova Iorque, Oxford University Press, 2003, p.257 ISBN 0-19-860560-9
  2.  Tomas, AndrewShambhala. A misteriosa civilização tibetana. Lisboa, Bertrand, 1979, pp48;52;213;218.
  3.  Crossman, Sylvie e Barou, Jean-Pierre (ed.). Tibetan Mandala, Art and Practice (The Wheel of Time). Nova Iorque, Konecky & Konecky, 2004, pp.20-26. ISBN 1568524730.
  4.  Tomas, Andrew. Op. Cit., pp217/218
  5.  Nhât Hanh, ThíchOpening the heart of the Cosmos. Insights on The Lotus Sūtra. Califórnia, Parallax Press, 2003, p158.

[editar]Bibliografia

  • Keown, Damien.Oxford Dictionary of Buddhism. Nova Iorque, Oxford University Press, 2003. ISBN 0-19-860560-9
  • Nhât Hanh, ThíchOpening the heart of the Cosmos. Insights on The Lotus Sūtra. Califórnia, Parallax Press, 2003.
  • Tomas, Andrew.Shambhala. A misteriosa civilização tibetana. Lisboa, Bertrand, 1979.

[editar]Ver também

  • Hilton, James.Horizonte Perdido. Trad. Francisco Machado Vila e Leonel Vallandro. São Paulo, Abril Cultural, 1980.


Horizonte Perdido  - James Hilton - 1925  -  resenha do livro
http://logbr.reflectivesurface.com/2003/02/25/horizonte-perdido/


February 25th, 2003 § 3
Semana passada reli Horizonte Perdido, de James Hilton, uma das clássicas utopias descritas na literatura. De fato, o local em que a estória se passa, Shangri-Lá, tornou-se, graças a um filme de Frank Capra baseado no livro, um sinônimo próprio de Utopia, ao lado de Pala e tantos outros locais similares descritos em incontáveis livros.
A estória é relativamente bem conhecida. Para os que nunca ouviram falar, o livro narra a aventura de quatro pessoas (um americanos e três ingleses) que ao escaparem de uma revolta em terras indianas, descobrem que o avião que deveria estar transportando-os de volta à Inglaterra foi raptado e está sendo levado para um local desconhecido. O vôo termina nas altas montanhas do Tibet onde, após um pouso brusco, o piloto morre e os quatro companheiros sequestrados são deixados à própria sorte para tentar sobreviver e retornar à civilização. Nesse momento, porém, aparece o misterioso Chang que os convida a visitar um monastério nas vizinhaças. Sem muito opção, os viajantes concordam e em algumas horas se defrontam com o idílico vale de Shangri-Lá, onde depararão com segredos espantosos.
Sem contar o final do livro, basta dizer que a estória é mais sobre a perda da utopia e as contradições humanas na busca da mesma do que uma pregação sobre os benefícios de tal sociedade, como ocorre na maioria dos livros que tratam do tema. Ainda assim, o livro segue o padrão clássico em que um personagem descreve a outro as características da sociedade através do usualinfodump. Fiel ao contexto em que foi escrito, o livro ainda avisa contra a luta humana pelo poder que poderia eventualmente acabar destruindo a própria civilização.
Embora eu tenha gostado do livro, alguns pontos fracos me chamaram a atenção. O mais forte é em relação aos personagens que me pareceram um tanto ou quanto superficiais. O personagem principal, Hugh Conway, ainda escapa um pouco da unidimensionalidade, mas acaba sendo tão fracamente caracterizado quando os demais no final da história. Desse modo, embora o livro consiga construir a atmosfera local de Shangri-Lá, as interações dos personagens soam um pouco forçadas.
Não vou entrar em detalhes sobre a filosofia apresentada no livro por que acho que cada leitor deve tirar suas própria conclusões em relação ao que o autor mostra. Apenas como ilustração, reproduzo aqui a fala de um personagem que resume completamente a mesma: “Nós governamos como moderada rigorosidade, e em retorno ficamos satisfeitos com uma obediência moderada. E eu acredito poder dizer que nosso povo é moderadamente sóbrio, moderadamente casto e moderadamente honesto.”
Para resumir, embora o livro tenha seus defeitos, é uma leitura agradável e Hilton consegue conduzir o leitor pelo caminho que ele propõe. Mesmo com personagens pouco convincentes em determinadas partes, é possível sentir o encanto de Shangri-Lá e simpatizar com os acontecimentos do livro. De qualquer forma, como mencionado anteriormente, o livro é uma das utopias mais conhecida e assim, leitura obrigatória para qualquer amante das letras.

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